terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ancorada em alto-mar

A vida continua a mesma, ou seja, sendo vivida. Faz tempo que ela está sendo um tanto quanto monótona, mas fico frequentemente bêbada, isso quando meus amigos estão dispostos a pagar a minha parte. Eu tenho amigos generosos e de verdade, o que é ótimo. Desisti momentaneamente de homens e mulheres pelo fato deles me considerarem descartáveis pelo mesmo motivo: falta de futuro aparente. O que não é novidade nenhuma. Tenho comido pouco, dormido mal, o olhar agora é vago e parece meio embaçado, embaçado como vidro fosco. Meus sorrisos são limitados e raros. Tenho passado muito tempo olhando para o teto e memorizando o tempo em que eu ainda tinha paciência para lidar com as pessoas, de quando eu lutava pelas minhas gritantes vontades. Agora, os meus desejos estão enlatados. A minha janela para o mundo avista fronteiras angustiantes de minha limitação. Não há maiores emoções. Sinto-me em um barco ancorado em alto-mar. Não vejo mais a minha estrada, perdi o senso de direção. Não há mais visualizações de bordas e novas frustrações que consomem as minhas expectativas. Meu coração se afoga em chuva de lágrimas. Meu corpo espera ansioso pelo dia em que os ventos mudarão de direção e eu consiga me desancorar e finalmente voltar à minha estrada.

Um comentário:

  1. à deriva?! lembrei desse filme. e o futuro não existe, mas não vivemos sem a expectativa de. e como diria chico - roda viva e tudo voltar a girar.

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