quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Fundo do poço.

Beber pra mim foi sempre uma saída, a solução para todos os meus problemas. A solução para os problemas de todo mundo. Mas, o maior problema é que para alguns problemas nem doses cavalares de cachaça ajudam, daí você tem que passar para a próxima fase de autodestruição. É o que chamo de visualização do fundo do poço. Eu já passei por isso. Só não digo que estive no fundo do poço porque isso é algo muito relativo. Não existe o tal fundo do poço pelo simples motivo que você sempre pode piorar a sua situação, não há nada que você sinta ou passe que não possa ser piorado. A questão é você saber se quer sair do poço ou simplesmente ir mais fundo. E essa é uma questão complicada. Não sei o que se passa comigo, se eu faço isso por desespero ou por curiosidade, mas chegar perto do fundo do poço foi sempre algo que eu busquei, sendo consciente ou inconscientemente. Um tipo de prova que eu tenho que passar. Mas muito mais difícil do que chegar ao fundo do poço, é conseguir sair de lá. E quando se está no fundo se está sozinho, ninguém além de você vai poder te ajudar. Não existe purgatório pior do que esse. A salvação se encontra muito longe, muitas vezes a luz no começo do poço nem pode mais ser vista, e se você não consegue ver uma saída no escuro será muito mais difícil. Algumas pessoas realmente descem fundo no poço. E quando não há luz de esperança só há escuridão cheia de desespero, e se desesperar na escuridão do poço é o pior que alguém pode fazer. Muitas vezes esse é um caminho sem volta. Quando me sinto mal eu não procuro uma coisa que me ajude. Quero sentir em mim o pior do mundo. Quero cada vez mais; mais e pior. Quero saber até quão fundo posso ir. Por algum motivo eu sei que quem visitou o fundo do poço e conseguiu sair de lá (nunca ileso, porque você nunca volta do mesmo jeito que foi) ele será a pessoa mais realizada do mundo. Você conheceu o inferno e conseguiu voltar para contar sua história. Talvez a saída esteja no fundo do poço. Quem sabe?

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