sexta-feira, 16 de abril de 2010

O porquê eu não sei.


Parecíamos dois corpos quaisquer sentados naquele bar, tragando os nossos cigarros e molhando a nossa boca com aquele vinho doce. Mais doce era a expressão que o seu rosto fazia naquela noite de sexta-feira, olhando fixamente em meus olhos. Tentando descobrir o que eu estava pensando ou até mesmo desvendar os meus sentimentos. Ou não. Ele falava pouco, mas, quando estávamos apenas nos olhando, valia mais do que mil palavras. Passamos vários minutos assim, conversando por olhares, nós só abríamos a boca para colocar outro cigarro em nossos lábios e para beber vinho. Era tão engraçado e romântico. E por um momento, senti uma pausa no tempo, um estalo. Éramos só nós ali, os dois em um corpo só. A sede só aumentava a cada segundo que o beijo arrancava de nossas bocas. O beijo parou, mas não na nossa mente. Eram 23:20, eu precisava estar no metro às 23:30. Levantamos com medo, uma rápida despedida, e cada um seguiu para um lado, devaneando aquele momento tão reservado.
E o pior de tudo, é que eu não o amava.

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